LITERATURA E REPÚBLICA
Estudar História é, ou devia ser também, mergulhar nas histórias de que é feita a História.
A ficção que se constrói sobre temas históricos traz-nos o cheiro de uma época, os tiques, os maneirismos, o recorte das principais figuras, as suas ansiedades e desejos, os seus amores.
A ficção não substiui mas contribui e muito para dar carne à matéria abordada pelos tratados e pelos manuais.
Estamos em plenas comemorações do centenário da República. Tem sido dado à estampa um número significativo de romances cuja acção incide directamente sobre os anos anteriores e posteriores à implantação da República. Vale a pena visitá-los e fazer dessa visita uma forma menos pomposa mas mais apaixonante de comemorar o centenário do 5 de Outubro.
Filomena Marona Beja vive em Sintra e é uma excelente romancista, tendo recebido em 2007 o Grande Prémio de Romance da APE pelo romance "A cova do lagarto".
Em "As cidadãs", a autora traça um retrato intenso da vida das mulheres que, na volta do 5 de Outubro, pretenderam construir para si um lugar novo e activo numa sociedade em profunda transformação.
Ainda não tive oportunidade de ler esta obra da autora, mas li Betânia e apreciei bastante, quer a temática, quer a construção. As Cidadãs será, com certeza, uma leitura futura.